CINEMA
Quando se visiona a maior parte das curtas produzidas e realizadas em Portugal (ou por portugueses) de 2004 e 2005 concluem-se várias coisas.
1. Não há grande diferença entre as curtas que receberam 45000 euros do ICAM e as que foram financiadas com o esforço pessoal de uma equipa. E quando existe, pesa, frequentemente, a favor das últimas.
2. Bastava que os responsáveis que decidem a atribuição de um conjunto limitado de apoios vissem os trabalhos anteriores apoiados pelas pessoas que se recandidatam para que tudo fosse diferente. Duvido que, com um mínimo de honestidade, se voltasse a atribuir um subsídio a um realizador/produtor que concluiu (quando concluiu - há DIVERSOS casos de pessoas que financiam filmes mais antigos com o dinheiro do PRÓXIMO subsídio) uma obra sem ponta de argumento, sem trabalho de direcção de actores, sem iluminação que permita vislumbrar os rostos dos referidos anteriormente, com um som cavernoso e não compreensível e, uma duração que ultrapassa de longe tudo o que a paciência humana pode aguentar.
3. O divórcio entre o interesse do público e a produção existente não deriva da "originalidade" das propostas: antes pelo contrário - basta comparar com centenas de outros filmes feitos na Europa, no mesmo período, para se perceber que há uma diferença entre Querer e Poder; entre ser Original e ser Presunçoso. Do meu ponto de vista, o que falta é conhecimento. Técnico: como se filma, como se ilumina, como se monta, como se escreve um argumento. Os nossos realizadores têm um longo caminho pela frente que passa pela modéstia de aprender em vez da arrogância de se queixar e pedir mais.
Concluindo: falta AVALIAÇÃO; que o público veja e vote. Que os júris saibam seleccionar e perceber as dificuldades técnicas e artísticas de um projecto. Mais: ficaríamos todos melhores se os subsídios fossem radicalmente DIMINUÍDOS. Multiplicar o número de projectos apoiados com menos dinheiro. Para fazer o que eu vi... meus amigos, deveria ser obrigatório PAGAR.
ps: nas Longas, a coisa não é melhor. Mas aí, o jogo de interesses é outro. E a conversa também terá de ser outra.
ps2: agradeço antecipadamente as contribuições úteis a esta discussão. Repito: as úteis.
Caeiro, também aqui, é o mestre. Este blogue é mantido por Possidónio Cachapa e todos os que acham por bem participar. A blogar desde 2003.
28 de fevereiro de 2005
26 de fevereiro de 2005
CHOVE EM SANTIAGO
Afinal, Fátima tem razão de existir. Depois de terem rezado uma série de missas para que começasse a chover, ela aí está, a malandra, a molhar quanto pode. Ora toma lá, ó céptico!
E se outra prova fosse necessária, bastaria referir a forma como até ao momento praticamente não choveu em Lisboa, reduto de ateus e de votantes no Bloco de Esquerda (malgré as indicações dos párocos locais, helàs!). Não admira que a fraca precipitação só se verifique na zona da Lapa, Basílica da Estrela, largo do Caldas e alto do Parque Eduardo VII.
Deus não dorme.
Afinal, Fátima tem razão de existir. Depois de terem rezado uma série de missas para que começasse a chover, ela aí está, a malandra, a molhar quanto pode. Ora toma lá, ó céptico!
E se outra prova fosse necessária, bastaria referir a forma como até ao momento praticamente não choveu em Lisboa, reduto de ateus e de votantes no Bloco de Esquerda (malgré as indicações dos párocos locais, helàs!). Não admira que a fraca precipitação só se verifique na zona da Lapa, Basílica da Estrela, largo do Caldas e alto do Parque Eduardo VII.
Deus não dorme.
SOPAS E DESCANSO
Vasco Pulido Valente, com o seu pessimismo esclarecido, duvida da capacidade do novo governo em mobilizar os portugueses para a "inovação tecnológica" ou para a "iniciativa empresarial". Houve um tempo em que eu achava que ele estava enganado ao descrever o país como um lugar onde um grupo de pessoas suspira para que as deixem em paz, sem se questionarem nas suas rotinas e que sonha apenas com o pãozito (mais ou menos requintado) na mesa. Agora, já não. Portugal sonha com a figura do Pai: o pai é que diz como se faz, o pai ralha ou sorri, mas a comidinha deve aparecer sempre na mesa. Sem perguntas, nem sentido crítico.
Vasco Pulido Valente, com o seu pessimismo esclarecido, duvida da capacidade do novo governo em mobilizar os portugueses para a "inovação tecnológica" ou para a "iniciativa empresarial". Houve um tempo em que eu achava que ele estava enganado ao descrever o país como um lugar onde um grupo de pessoas suspira para que as deixem em paz, sem se questionarem nas suas rotinas e que sonha apenas com o pãozito (mais ou menos requintado) na mesa. Agora, já não. Portugal sonha com a figura do Pai: o pai é que diz como se faz, o pai ralha ou sorri, mas a comidinha deve aparecer sempre na mesa. Sem perguntas, nem sentido crítico.
SMOKING NONSENSE
São 12.000 as pessoas que morrem em Portugal de causas relacionadas com o tabagismo. Perante isto, Manuel Pais Clemente, presidente do Conselho de Prevenção do Tabagismo veio congratular-se, no momento da assinatura de um tratado mundial sobre a matéria. Neste artigo pode ler-se que Portugal "o consumo de tabaco configura "uma das melhores situações da Europa, só ultrapassada pelos países nórdicos", com uma prevalência de 19 por cento de fumadores no conjunto da população, enquanto em Espanha, por exemplo, esse valor atinge os 36 por cento". 19 %?! 19%?! Peço desculpa da insistência, mas em que documentos assentam estas afirmações? Estaremos todos enganados quando achamos que esta percentagem é no mínimo multiplicada por 3? ou 4? Sei que estou a ficar mais fraco da vista, mas não creio que os meus olhos me enganem de tal maneira...
São 12.000 as pessoas que morrem em Portugal de causas relacionadas com o tabagismo. Perante isto, Manuel Pais Clemente, presidente do Conselho de Prevenção do Tabagismo veio congratular-se, no momento da assinatura de um tratado mundial sobre a matéria. Neste artigo pode ler-se que Portugal "o consumo de tabaco configura "uma das melhores situações da Europa, só ultrapassada pelos países nórdicos", com uma prevalência de 19 por cento de fumadores no conjunto da população, enquanto em Espanha, por exemplo, esse valor atinge os 36 por cento". 19 %?! 19%?! Peço desculpa da insistência, mas em que documentos assentam estas afirmações? Estaremos todos enganados quando achamos que esta percentagem é no mínimo multiplicada por 3? ou 4? Sei que estou a ficar mais fraco da vista, mas não creio que os meus olhos me enganem de tal maneira...
24 de fevereiro de 2005
THE CATCHER IN THE RYE E UMA CONFISSÃO
Saiu a tradução (nunca tinha visto nenhuma... talvez existisse) do "The catcher..." o livro que muitos leram no 12º ano, em Inglês 2. Está a ser divertido reencontrar a abordagem linguística de J.D.Salinger ao calão americano dos anos 40. Na Difel, com tradução (boa) de José Lima.
Ah, a confissão: é pá... não consigo ter pachorra para o "Aleph", do Borges. Há-de ser problema meu, mas não dá...
Saiu a tradução (nunca tinha visto nenhuma... talvez existisse) do "The catcher..." o livro que muitos leram no 12º ano, em Inglês 2. Está a ser divertido reencontrar a abordagem linguística de J.D.Salinger ao calão americano dos anos 40. Na Difel, com tradução (boa) de José Lima.
Ah, a confissão: é pá... não consigo ter pachorra para o "Aleph", do Borges. Há-de ser problema meu, mas não dá...
21 de fevereiro de 2005
TOLENTINO
Estava à procura de informação sobre o último livro do José Tolentino Mendoça, poeta que admiro com o coração todo, quando deparei com o site da Assírio. Elegante, discreto e de bom gosto. Como as pessoas que dirigem a editora dos bons poetas. Sou e serei um bom cliente da casa ;)
Quanto ao livro, ainda não o li. Mas num país em que toda a gente é tudo - poeta, inclusivé - sem conseguirem ver a distância que separa o seu ferro-velho da Torre Eiffel de muito poucos, não se pode perder de vista o trabalho do nosso padre-poeta.
Estava à procura de informação sobre o último livro do José Tolentino Mendoça, poeta que admiro com o coração todo, quando deparei com o site da Assírio. Elegante, discreto e de bom gosto. Como as pessoas que dirigem a editora dos bons poetas. Sou e serei um bom cliente da casa ;)
Quanto ao livro, ainda não o li. Mas num país em que toda a gente é tudo - poeta, inclusivé - sem conseguirem ver a distância que separa o seu ferro-velho da Torre Eiffel de muito poucos, não se pode perder de vista o trabalho do nosso padre-poeta.
A CULPA É DOS OUTROS MENINOS!
Santana fez o que se esperava: não se demitiu. O seu EU CEGO é grande, além de alimentado em parte pelos gritinhos das meninas louras e do Granger das telenovelas. Na minha opinião, seria melhor que ele se despachasse a aceitar o tacho que o Luis Delgado já lhe terá preparado na PT, ou outro qualquer dos muitos medíocres ambiciosos que promoveu. Evitava assim, o degradante espectáculo de ver as vísceras comidas pelas hienas saltitantes do seu partido.
Santana fez o que se esperava: não se demitiu. O seu EU CEGO é grande, além de alimentado em parte pelos gritinhos das meninas louras e do Granger das telenovelas. Na minha opinião, seria melhor que ele se despachasse a aceitar o tacho que o Luis Delgado já lhe terá preparado na PT, ou outro qualquer dos muitos medíocres ambiciosos que promoveu. Evitava assim, o degradante espectáculo de ver as vísceras comidas pelas hienas saltitantes do seu partido.
LEITURAS
Acabei finalmente de ler o livro de Ivo Andric, O PÁTIO MALDITO (edição Cavalo de Ferro). Demorei, não porque não fosse interessante. Pelo contrário, a escrita despojada e o facto de ter coisas para dizer fazem dele um autor muito interessante, a seguir, à medida que nos vão chegando traduções. Ler na cama é que demora. Ainda sobra pouco tempo :)
Acabei finalmente de ler o livro de Ivo Andric, O PÁTIO MALDITO (edição Cavalo de Ferro). Demorei, não porque não fosse interessante. Pelo contrário, a escrita despojada e o facto de ter coisas para dizer fazem dele um autor muito interessante, a seguir, à medida que nos vão chegando traduções. Ler na cama é que demora. Ainda sobra pouco tempo :)

19 de fevereiro de 2005
A CAÇA À BRUXA
Lá fui ver o filme "Relatório Kinsey". Sim, não é um grande filme, cinematograficamente falando. E contudo, talvez não fosse má ideia passá-lo em todas as escolas secundárias do país. Para que se percebam duas coisas: uma, de que há mais coisas na Natureza do que tomamos por certo e confortável. Outra, que basta um homem pronunciar desapaixonadamente as palavras "pénis" e "vagina", ou dizer a outros homens que as suas mulheres e avós se masturbam e que muitas delas se envolveram em paixões lésbicas, para que milhares de pessoas se movam para o calar.
Se pensarmos no debate acalorado que gera o ensino da sexualidade nas nossas escolas ou que a maior parte dos portugueses nunca pensaria em pronunciar a palavra "orgasmo" numa de família, para se perceber onde estamos, face ao que foi estudado pelo investigador em meados do século passado.
O sexo mete tanto medo como as cobras. Ora, seria curioso pensar de onde nos vem o pavor da serpente... Digo, eu... ;)
Lá fui ver o filme "Relatório Kinsey". Sim, não é um grande filme, cinematograficamente falando. E contudo, talvez não fosse má ideia passá-lo em todas as escolas secundárias do país. Para que se percebam duas coisas: uma, de que há mais coisas na Natureza do que tomamos por certo e confortável. Outra, que basta um homem pronunciar desapaixonadamente as palavras "pénis" e "vagina", ou dizer a outros homens que as suas mulheres e avós se masturbam e que muitas delas se envolveram em paixões lésbicas, para que milhares de pessoas se movam para o calar.
Se pensarmos no debate acalorado que gera o ensino da sexualidade nas nossas escolas ou que a maior parte dos portugueses nunca pensaria em pronunciar a palavra "orgasmo" numa de família, para se perceber onde estamos, face ao que foi estudado pelo investigador em meados do século passado.
O sexo mete tanto medo como as cobras. Ora, seria curioso pensar de onde nos vem o pavor da serpente... Digo, eu... ;)
O FIM DA CAMPANHA
UFA! Com um bocadinho de sorte, não será preciso andar a gastar o nosso tempo com a política. Afastado o carrapato santanal e diminuída a força de andar para trás do hipócrita azulado, as coisas talvez sosseguem. Por uns tempos. Claro que se sucederão nas próximas semanas as nomeações histéricas de tudo quanto foi boy laranja. Mas isso não será nada a que não estejamos habituados, variando só a quantidade de amarelo que se junta ao vermelho e ao branco.
Como o pesadelo está a terminar também não vale a pena perder tempo a comentar a cartinha chorona do ex-primeiro- que-o-foi. Juro pelos deuses que nunca vi lamúria mais patética. Mas suponho que a coisa deva funcionar com aquele género de mulherio que gosta de ver o parceiro com uma fraldinha. O relatório Kinsey (de que falarei noutro post) explica. Só lido, que contado ninguém acreditaria.
UFA! Com um bocadinho de sorte, não será preciso andar a gastar o nosso tempo com a política. Afastado o carrapato santanal e diminuída a força de andar para trás do hipócrita azulado, as coisas talvez sosseguem. Por uns tempos. Claro que se sucederão nas próximas semanas as nomeações histéricas de tudo quanto foi boy laranja. Mas isso não será nada a que não estejamos habituados, variando só a quantidade de amarelo que se junta ao vermelho e ao branco.
Como o pesadelo está a terminar também não vale a pena perder tempo a comentar a cartinha chorona do ex-primeiro- que-o-foi. Juro pelos deuses que nunca vi lamúria mais patética. Mas suponho que a coisa deva funcionar com aquele género de mulherio que gosta de ver o parceiro com uma fraldinha. O relatório Kinsey (de que falarei noutro post) explica. Só lido, que contado ninguém acreditaria.
17 de fevereiro de 2005
ESTACIONAMENTO
Aparentemente a Câmara de Lisboa está com dificuldade em saber onde fica Campo de Ourique. Devem imaginar que é muito longe. Que outra explicação se encontraria para o facto dos seus funcionários de limpeza, transporte porta-a-porta (enfim, uma ideia que... enfim..), polícia municipal, entre outros, não consigam avistar as dezenas de carros abandonados nas ruas. Quer dizer, se calhar vêem... mas não têm a certeza. Afinal, um carro sem vidros, sem metade das rodas, com lixo lá dentro... pode sempre pertencer a um morador, claro...
Aparentemente a Câmara de Lisboa está com dificuldade em saber onde fica Campo de Ourique. Devem imaginar que é muito longe. Que outra explicação se encontraria para o facto dos seus funcionários de limpeza, transporte porta-a-porta (enfim, uma ideia que... enfim..), polícia municipal, entre outros, não consigam avistar as dezenas de carros abandonados nas ruas. Quer dizer, se calhar vêem... mas não têm a certeza. Afinal, um carro sem vidros, sem metade das rodas, com lixo lá dentro... pode sempre pertencer a um morador, claro...

AINDA A POLÍTICA
Os 2 maiores partidos estão de acordo: é preciso que a escola se torne um meio "útil" de ganhar a vida. Não há tempo a perder com cursos humanísticos ou de cariz artístico. Que a coisa está provada que não alimenta.
Como está longe o sonho de Agostinho da Silva de que o homem deve ser livre de escolher o seu destino. Pelo menos por cá. Pelo menos com estas pessoas.
Os 2 maiores partidos estão de acordo: é preciso que a escola se torne um meio "útil" de ganhar a vida. Não há tempo a perder com cursos humanísticos ou de cariz artístico. Que a coisa está provada que não alimenta.
Como está longe o sonho de Agostinho da Silva de que o homem deve ser livre de escolher o seu destino. Pelo menos por cá. Pelo menos com estas pessoas.
CARTAS AO DIRECTOR
Um leitor, identificando-se como católico, escreveu ao jornal Público interrogando-se sobre a diferença de atitude do actual governo perante a morte de Sophia de Mello Breyner, Maria de Lourdes Pintasilgo e da irmã carmelita Lúcia. "Uma foi talvez a nossa maior poetisa de sempre, candidata ao Prémio Nobel da Literatura e uma cidadã a todos os títulos exemplar; a segundda foi uma mulher integrada numa ordem religiosa, que dedicou a sua vida às mais elevadas causas e trouxe à políticaa marca do seu ideal cristão, chegando a ser a única primeira-ministra de Portugal. A irmã Lúcia foi um exemplo de vida abnegada e simples movida por uma enorme fé em fenómenos ocorridos em Fátima (...) Sabe-se que não houve luto nacional nem funerais de Estado aquando da morte das duas primeiras e esta disparidade de tratamento faz-nos pensar nos valores que nos orientam..."
Pois faz.
Um leitor, identificando-se como católico, escreveu ao jornal Público interrogando-se sobre a diferença de atitude do actual governo perante a morte de Sophia de Mello Breyner, Maria de Lourdes Pintasilgo e da irmã carmelita Lúcia. "Uma foi talvez a nossa maior poetisa de sempre, candidata ao Prémio Nobel da Literatura e uma cidadã a todos os títulos exemplar; a segundda foi uma mulher integrada numa ordem religiosa, que dedicou a sua vida às mais elevadas causas e trouxe à políticaa marca do seu ideal cristão, chegando a ser a única primeira-ministra de Portugal. A irmã Lúcia foi um exemplo de vida abnegada e simples movida por uma enorme fé em fenómenos ocorridos em Fátima (...) Sabe-se que não houve luto nacional nem funerais de Estado aquando da morte das duas primeiras e esta disparidade de tratamento faz-nos pensar nos valores que nos orientam..."
Pois faz.
SERVIÇOS PÚBLICOS
Paulo Portas assenta parte do seu discurso no facto de ter "reparado a injustiça da dívida de Portugal aos ex-combatentes"; segundo ele, um grupo de pessoas que andou nas guerras de África mereceriam o "nosso" reconhecimento pelos "serviços prestados". Expliquem-me lá se estou enganado, mas os "serviços prestados" não consistiram em lançar napalm sobre populações indígenas ou encher de tiros os movimentos que pretendiam a libertação do seu país? Isto merece ser "recompensado"? A mim parece-me mais o contrário.
De duas uma: ou estamos a falar de militares de carreira que escolheram o caminho da guerra, ou estamos a falar de jovens recrutados à força e enfiados em barcos e aviões para irem matar ao serviço de um regime caduco.
Onde é que está a necessidade de "reconhecimento" dos portugueses?
Eu não sei é como é que as gerações imigrantes filhos dos homens que morreram nas ex-colónias não saem à rua em protesto. Isso sim, seria o reconhecimento que as ideias fascistas de Paulo Portas mereceriam.
Paulo Portas assenta parte do seu discurso no facto de ter "reparado a injustiça da dívida de Portugal aos ex-combatentes"; segundo ele, um grupo de pessoas que andou nas guerras de África mereceriam o "nosso" reconhecimento pelos "serviços prestados". Expliquem-me lá se estou enganado, mas os "serviços prestados" não consistiram em lançar napalm sobre populações indígenas ou encher de tiros os movimentos que pretendiam a libertação do seu país? Isto merece ser "recompensado"? A mim parece-me mais o contrário.
De duas uma: ou estamos a falar de militares de carreira que escolheram o caminho da guerra, ou estamos a falar de jovens recrutados à força e enfiados em barcos e aviões para irem matar ao serviço de um regime caduco.
Onde é que está a necessidade de "reconhecimento" dos portugueses?
Eu não sei é como é que as gerações imigrantes filhos dos homens que morreram nas ex-colónias não saem à rua em protesto. Isso sim, seria o reconhecimento que as ideias fascistas de Paulo Portas mereceriam.
15 de fevereiro de 2005
BZZZZZZZZZZZZZZZzzzttt
É maravilhosa a quantidade de "Choques" que os partidos prometem. Ainda não ouvi nenhum falar em CHOQUE CULTURAL. Mas, se pensarmos que o orçamento da cultura é inferior a 0, 6 % e que o mais importante vai ser a COMPETIÇÃO com todos e mais algum, compreende-se. Acrescente-se a isto, a ilusão de que o país real lê regularmente, desenvolveu espírito crítico, e vê bom cinema. O problema é que entre Lisboa e o resto de Portugal existem algumas dificuldades de relevo.
É maravilhosa a quantidade de "Choques" que os partidos prometem. Ainda não ouvi nenhum falar em CHOQUE CULTURAL. Mas, se pensarmos que o orçamento da cultura é inferior a 0, 6 % e que o mais importante vai ser a COMPETIÇÃO com todos e mais algum, compreende-se. Acrescente-se a isto, a ilusão de que o país real lê regularmente, desenvolveu espírito crítico, e vê bom cinema. O problema é que entre Lisboa e o resto de Portugal existem algumas dificuldades de relevo.
RELATÓRIOS
Sugerem que se comente o relatório Kinsey, a partir do filme actualmente em cartaz. Li parte do livro, na minha adolescência... E deus sabe o que a coisa me aliviou. O filme ainda não vi, mas bem-hajas, caro investigador, onde quer que estejas! Provavelmente anda a investigar o sexo dos anjos...
Sugerem que se comente o relatório Kinsey, a partir do filme actualmente em cartaz. Li parte do livro, na minha adolescência... E deus sabe o que a coisa me aliviou. O filme ainda não vi, mas bem-hajas, caro investigador, onde quer que estejas! Provavelmente anda a investigar o sexo dos anjos...
PRAZER_ADIADO
Caros amigos (admitindo que ainda anda por aí alguém cheio de paciência ;) ), têm-me faltado tempo e assunto relevante para actualizar o blogue. De qualquer maneira, basta dar uma vista de olhos ao Sapo para ver que não há político que não blogue (verbo). Ainda escrevem a coisa à inglesa, mas, se não se fartarem antes, lá irão. Ainda neste sentido, seria curioso comparar a atitude de desprezo de tantos jornalistas e meios de comunicação social, de há 2 anos atrás (quando este blogue se iniciou), com a reverência actualmente apresentada. De onde se prova que uns fazem e outros desprezam, antes de seguir. Enfim...
Caros amigos (admitindo que ainda anda por aí alguém cheio de paciência ;) ), têm-me faltado tempo e assunto relevante para actualizar o blogue. De qualquer maneira, basta dar uma vista de olhos ao Sapo para ver que não há político que não blogue (verbo). Ainda escrevem a coisa à inglesa, mas, se não se fartarem antes, lá irão. Ainda neste sentido, seria curioso comparar a atitude de desprezo de tantos jornalistas e meios de comunicação social, de há 2 anos atrás (quando este blogue se iniciou), com a reverência actualmente apresentada. De onde se prova que uns fazem e outros desprezam, antes de seguir. Enfim...
4 de fevereiro de 2005
ZAPPING
Num canal, um programa antigo. Pediam a Maria da Graça (do"Páteo das Cantigas") que cantasse de novo, o seu maior sucesso. E do fundo dos anos 40, ela cantou. E nos seus olhos, o brilho da rapariga bonita e sedutora. E, ao mesmo tempo, o agradecimento por lhe permitirem, por minutos, voltar a ser ela, por inteiro.
Num mundo que nunca reconhece os que nos precederam.
Num canal, um programa antigo. Pediam a Maria da Graça (do"Páteo das Cantigas") que cantasse de novo, o seu maior sucesso. E do fundo dos anos 40, ela cantou. E nos seus olhos, o brilho da rapariga bonita e sedutora. E, ao mesmo tempo, o agradecimento por lhe permitirem, por minutos, voltar a ser ela, por inteiro.
Num mundo que nunca reconhece os que nos precederam.
1 de fevereiro de 2005
O QUE ESTÁ EM JOGO
A derrota esperada de Santana Lopes é um sinal de esperança; um indício que os portugueses que em 1975 não se deixaram acantonar num anacrónico Little Moscow ainda mexem. Talvez o país rasca de falsas tias, levanta-te e ri, pasquins de mexericos e cultura light, baixe a cabeça por uns tempos. Não desaparecerá, porque as ervas daninhas são resistentes. Mas, talvez por um momento, possamos acreditar que Portugal não foi todo entregue aos bichos.
A derrota esperada de Santana Lopes é um sinal de esperança; um indício que os portugueses que em 1975 não se deixaram acantonar num anacrónico Little Moscow ainda mexem. Talvez o país rasca de falsas tias, levanta-te e ri, pasquins de mexericos e cultura light, baixe a cabeça por uns tempos. Não desaparecerá, porque as ervas daninhas são resistentes. Mas, talvez por um momento, possamos acreditar que Portugal não foi todo entregue aos bichos.
2000 LÉGUAS SUBMARINAS
Hoje, com o Público, o meu livro favorito de Verne. Há uma altura na vida em que viajar num submarino de misteriosa tecnologia e alimentar-se de coisas igualmente misteriosas e que cresçam no fundo do mar faz toda a diferença. Não terá o prestígio do Proust, mas que me fez feliz releitura atrás de releitura, isso fez :)
Hoje, com o Público, o meu livro favorito de Verne. Há uma altura na vida em que viajar num submarino de misteriosa tecnologia e alimentar-se de coisas igualmente misteriosas e que cresçam no fundo do mar faz toda a diferença. Não terá o prestígio do Proust, mas que me fez feliz releitura atrás de releitura, isso fez :)
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